quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Entrevista a Fátima Lopes


Fátima Lopes comunica pela escrita os grandes amores da vida
09-11-2006
Anabela da Silva Maganinho (3º ano Comunicação ISLA Gaia)
-->Fátima Lopes iniciou o percurso profissional como jornalista de imprensa, tendo, a posteriori, decidido enveredar por uma das vertentes do curso de Comunicação: Marketing e Publicidade. A opção valeu-lhe a entrada no mundo dos audiovisuais que a concretizou na profissional com quem hoje temos contacto.
Surprise Show, All you need is love, e agora SIC 10h num novo formato que se dá pelo simples nome Fátima são alguns dos programas que preenchem o repertório desta comunicadora exemplar que circunscreve de humanismo e competência o panorama nacional.
O programa pelo qual dá a cara evidencia a figura da apresentadora que se tem vindo a revelar uma profissional de alto gabarito e, não obstante, a mulher cúmplice, amiga e confidente. Fátima, tal como a sua protagonista, é um programa de emoções, de solidariedade e de causas humanas. É este o programa por intermédio do qual podemos conhecer um pouco de Fátima e apercebermo-nos de que esta irradia alegria e felicidade e deixa transparecer o gosto que tem por aquilo que faz.
Recentemente, esta comunicadora de renome decide regressar à escrita. Desta vez, não falamos da escrita jornalística, mas na escrita literária que, cerca de quatro meses após o lançamento, já tem mais de 60 mil exemplares vendidos.
A apresentação do livro “Amar depois de Amar-te” contou com presenças ilustres da autarquia de Vila do Conde, acrescido ao facto de estarem também presentes desportistas como Rosa Mota e Aurora Cunha.
O discurso introdutório ficou a cargo de João Malheiro que, actualmente, integra o elenco de “Tertúlia Cor-de-Rosa” (espaço do programa Fátima). O jornalista inicia a oratória dizendo que esteve no lançamento do livro de Fátima, em Junho último, no qual “estava muita gente, inclusive órgãos de Comunicação Social, e considerei que este iria ter muito sucesso”. Foi nesse momento que lhe ocorreu desafiar Fátima Lopes a vir apresenta-lo a Vila do Conde, tendo João Malheiro não um apreço, mas antes uma paixão pela cidade nortenha.
João Malheiro prossegue descrevendo Fátima como “uma grande profissional da televisão (…) que é, porventura, um rosto das pessoas que, no mundo nacional do audiovisual, tem uma presença mais marcante”. A pessoa da qual falamos é uma “mulher inteligente, bonita, uma mulher com um sentido humano especial” que faz com que gostássemos de a ter “na nossa família”.
Efectivamente, o seu cariz humanitário e efectivo demonstram-se por entre “uma entrevista, um olhar da Fátima basta” para que nos apercebamos da sua enorme preocupação com os outros. No que concerne ao livro também isto é evidenciado: Fátima escreve com o espírito que presenciamos assiduamente em televisão, porque “quando fala na Teresa, na Carolina e na Filipa, que são as personagens centrais das suas histórias neste livro, são, porventura, pessoas que estão presentes ou que estão muito próximas” e, se assim não for podem ainda ser pessoas das quais temos conhecimento. No livro, segundo João Malheiro, “podemos ver um problema, que não está tanto numa vida sem amor (…) está em dar sentido ao amor, sendo mais ou menos jovens”. “Estes textos se alguma lição nos pode dar é essa: é possível cada um de nós darmos sentido ao amor, sobretudo em algo que é absolutamente deslumbrante nos tempos que correm”, salienta o profissional de jornalismo.

Fátima já quase sem palavras perante tal introdução, deixou evidente o seu encanto pela terra de Vila do Conde, sentindo-se “muito acarinhada desde o primeiro instante”. Extasiada por todo o ambiente que se vive e perante uma sala repleta de espectadores expectantes pela sua presença, Fátima assume que a responsabilidade pela deslocação é de João Malheiro; contudo, que, de facto, adora contactar com as pessoas e: “gosto muito de olhar as pessoas nos olhos”, revela a apresentadora. “Nas sessões de autógrafos digo sempre para não colocarem as mesas de forma a que as pessoas fiquem a três quilómetros de mim”, explica Fátima e continua “as pessoas não me fazem mal, deixem-me olhar para os seus olhos, pois é assim que eu sou e é, deste modo, que gosto de sentir quem está no lado de lá”.
O intuito de Fátima não são as vendas e o sucesso que o livro pode ter. A interacção, o contacto que pôde ter com quem compareceu à sala da biblioteca de Vila do Conde “numa sala cheia de pessoas amigas que, no fundo, vieram cumprimentar com um simples “olá” já valeu a pena”.
Como mencionei anteriormente, a primeira experiência profissional de Fátima não foi logo na Televisão. Contrariamente ao que se possa pensar esta reconhecida apresentadora televisiva começou por “trabalhar num jornal no qual escrevia sobre teatro e cinema”. Escreveu durante dois anos, estando ainda na faculdade. No final do curso, “a primeira experiência foi na área em que me especializei, ou seja, Marketing e Publicidade”, esclarece Fátima Lopes.
Anabela (A) – E foi muito difícil essa experiência?
Fátima Lopes (FL) – Não, não foi muito difícil. Quer dizer, a experiência da escrita obviamente que não foi fácil de início, uma vez que quando se entra no mercado de trabalho pela primeira vez não sabemos fazer nada. Só temos teorias, prática não temos nenhuma. Mas como tive à minha volta pessoas que me ensinaram ajudou bastante. Posteriormente, quando terminei o curso comecei a trabalhar em Marketing e Publicidade foi a mesma situação. Por outras palavras, surgiram as dificuldades de uma inexperiente e de uma principiante. Contudo, a vida é feita disso mesmo: é feita de lições, é feita de aprendizagem, portanto, encarei cada passo como os passos que qualquer pessoa tem que dar aquando do começo de uma carreira. Sempre fui muito trabalhadora e muito empenhada e medo de trabalhar nunca o tive. Acho que o trabalho não faz mal a ninguém, pelo contrário, só dá saúde e empenhei-me sempre para tentar progredir nos vários trabalhos que tive.

A – É, então, que surge a Televisão como parte integrante da sua vida. Recorde a primeira vez em que se deparou com este outro mundo.
FL – A primeira vez foi a assustadora, porque encarar as câmaras é uma coisa que não é fácil. Hoje, tratamo-nos por tu; mas, na época, eu tratava as câmaras por Sra. Doutora. Havia uma falta de à vontade e a noção de que aquele mundo era todo novo para mim. Os primeiros programas não foram nada fáceis, nada fáceis mesmo e ainda levei bastante tempo para criar à vontade com o facto de olhar para um quadrado escuro e frio e imaginar que no outro lado estavam pessoas a ver-me. Esse clique leva o seu tempo e, a partir do momento em que se dá depois tudo é muito mais fácil.
Por entre escrita jornalística, ramos de Comunicação, apresentação de programas e agora escritora, Fátima Lopes mostra-se todos os dias uma profissional capaz de nos surpreender no dia seguinte. Nunca teve de abdicar de qualquer uma das suas vidas, conseguindo, dessa forma, viver em pleno conciliando as suas grandes paixões: a profissão e a família.

A – Como têm sido todos estes anos de profissionalismo?
FL – Fantásticos. Têm sido os anos mais felizes da minha vida. Amo a minha profissão, adoro o que faço e sou uma mulher super feliz com o meu trabalho.

A – Nessa sequência, o jornalismo continua a ser um desafio?
FL – É sempre um desfio, aliás, cada programa é um desafio, porque os conteúdos estão sempre a variar. Acrescido a que conforme variam os conteúdos variam os convidados. Logo, o tipo de exigência que é feito é sempre diferente e é isso que torna um programa diário muito estimulante.
Agora dedicou-se à escrita. Fátima consegue, de forma bem concebida, fugir um pouco ao dia-a-dia que a envolve – o do audiovisual. Acerca de “Amar depois de Amar-te” podemos dizer que retrata três díspares histórias de vida. Histórias reais que apesar de vividas de formas diferenciadas se cruzam por entre sentimentos, experiências, dificuldades, em suma, vicissitudes pelas quais muitos de nós temos de (ultra)passar. A contracapa do livro foca a essência a qual passo a citar “Num discurso próximo e emotivo, Fátima Lopes mostra-nos a sua capacidade de ver a vida de uma forma positiva. Através destas histórias tão reais, mostra-nos que a vida e o amor nos dão sempre uma segunda oportunidade”.
É, sem dúvida, uma realidade diferente, a da escrita literária que Fátima justifica como um acumular.

A – Como tem decorrido este novo caminho?
FL – Muito bem. Em termos de resultados está a correr muito bem. O livro tem ainda pouco tempo de vida - nem seis meses tem - e tem vendas muito boas, o que me estimula bastante. Foi um livro escrito nos meus serões e nos meus fins-de-semana, o que quer dizer que roubei muitas horas à cama para poder ter este livro pronto. Não deixei de fazer o programa, não deixei de fazer as coisas extra que tinha, não deixei de ser mãe nem de ser mulher. Digamos que o grande penalizado foi mesmo o sono, mas valeu a pena.

A adesão por parte do público tem sido fabulosa, como se pode depreender dos cálculos de vendas. Um livro que tem cativado as mais diversas gerações, tanto homens como mulheres portugueses. A mais recente notícia é que para além do feito de ter alcançado um número representativo de vendas, “Amar depois de Amar-te” poderá ser encontrado no mercado espanhol. O êxito alcançado em Portugal transcenderá a fronteira e agora é a vez de Espanha conhecer a obra de Fátima Lopes.

A – O fascínio e a adesão do público tem correspondido da maneira que esperava? Em oito semanas conseguiu 48 mil exemplares vendidos e agora continua o número a crescer estando, presentemente, acima dos 60 mil.
FL – A adesão do público tem sido extraordinária. Quando lancei o livro não pensei em resultados, mas também se tivesse pensado se calhar não tinha logo imaginado estes números. Ao fazer alguma coisa não o faço a pensar nos números, faço-o a pensar, numa primeira instância, no prazer que me dá, e, em seguida, naquilo que as pessoas vão achar. Penso que as pessoas responderem com a compra do livro é a melhor recompensa que eu posso ter. É sinal de que gostaram.
Uma mulher de sonhos e de realidades que pretende ainda “fazer TUDO e que pretende alcançar TUDO”. Poderemos dizer que a televisão consta do seu futuro, mas constatamos que a escrita também se vem tornando um grande amor. Fátima não exclui a possibilidade de um segundo livro, podendo confirmar que “a vida e o amor dão sempre uma segunda oportunidade” para esta mulher, comunicadora, apresentadora e escritora feliz; porém, com uma atitude constante similar à das personagens do seu livro: “a busca da felicidade”.
Anabela da Silva Maganinho

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